Olhos e boca fechada.
Se alguma coisa for vista,
Se uma palavra pronunciada,
Escorrerá o suor pela minha cara,
Por não ter cumprido aquela lista,
Porque para eles fui que errara.
Levantam-me a mão,
Colada a uma cobra feroz.
Cravam-me no coração,
Os dentes que me tentam parar.
É realmente uma dor atroz,
É realmente de fazer gritar.
Mas gritar está fora de questão:
Não é palavra mas é som.
É suficiente para lembrarem a prisão.
E depois fazer esquecer...
Esquecem-me o que é bom...
Esquecem-me de enloquecer...
Sou apenas um escravo assim...
Que posso fazer contra o que esqueço?
Que posso fazer se me esqueço a mim?
Posso ser forte. Será suficiente?...
Posso fugir. Desapareço...
O chicote apanha-me e de novo sem mente!
Posso morrer! Morrer é solução!
Mas é necessário perceber...
Se sou escravo não há libertação.
Sou de alguém que possui a vida.
A minha. A que me devia pertencer...
A que neste momento se encontra retida...
Se morrer... Passo a ser inútil.
Mandam-me fora, para longe de tudo.
A vida passa a ser fútil.
É trocada pela morte.
E eu ganho a minha vida! Já não sou mudo!
Mando em mim e ordeno a minha sorte!
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