21 julho 2011

Mil e Mais Umas

Mil. Já foi um milhar. Sendo realista, é um número bem pequeno. Comparando outros sites e blogues com este, recebem tantas ou mais visualizações por dia do que este recebeu desde 2009.
Mas que interessa? Não criei o blogue com o objectivo de receber visualizações e visitas. É simplesmente um espaço onde posso colocar os meus trabalhos escritos. Partilhar emoções, opiniões, reflexões. Deixar questões, insultar, ofender. Dar respostas, elogiar. Ensinar. Aprender!
Aprender é um dos objectivos principais. E posso dizer que aprendi. Aprendi principalmente comigo mesmo. Ao ler o que escrevo acabo por tirar outras conclusões, talvez mais próximas da perfeição, talvez nem tanto. Mas tanto o que escrevo, leio e concluo, acabaram e acabam por me levar a um nível superior, mais próximo daquilo que desejo alcançar.
Também aprendi um pouco com as críticas que me fizeram. Não foram muitas, mas as suficientes para mudar um pouco o rumo das coisas. A quem se deu ao trabalho de pensar e falar sobre o que escrevo, um obrigado. Certamente que muitos entraram e saíram automaticamente da página. Porém não os julgo. Outros terão entrado e lido silenciosamente, sem se pronunciarem.
No final acabei por partilhar as minhas coisas com alguém que acabou por ter um mínimo interesse em reflectir sobre tais. Já é suficiente. Para mim é. Para mim basta. Deixa-me satisfeito por saber que tenho algum produto. E não é daqueles que se vende por uma boa quantia. É daqueles que se oferecem, sem quaisquer custos e mesmo assim as pessoas rejeitam. É como se fosse um abraço de um desconhecido, nu, sujo e mal-cheiroso. A maioria das pessoas iria rejeitar.
Ora, sem mais demoras, espero que os que têm visitado esta página o continuem a fazer. Convido todos a darem a sua opinião, seja boa ou má, desde que tenham razões para afirmarem o que dizem.
E assim se festeja algo.

20 julho 2011

Será assim


Nos últimos dias apercebi-me de algo interessante: a dor parece que se tem afastado de mim. Neste momento nem me lembro do que é tal coisa. É estranho... Ainda há dias chorava como se o mundo estivesse a acabar e agora se o vir a desintegrar-se aceito e sorrio. Como é possível? É estranho... Não sei se é bom. Se é mau...
Será que a dor chegou ao máximo da minha capacidade? Pode ter acontecido isso e em vez de explodir implodi, rebentando o coração por dentro, esquecendo qualquer tipo de dores psicológicas. Deixaram de existir. Deixaram-me. Faz sentido. Ou talvez não faça...
Talvez tenha percebido que é uma perda de tempo. Pensar tanto na forma como os outros me usam. Pensar na forma como tenho de agir para que todos fiquem contentes. Simplesmente aceitem o que oferecer e se não gostarem ponham de lado que não me interessa. Deixei de dar valor ao que faço pelos outros. Se faço bem, melhor para eles, se não o faço, pouco me importa. Mas continuo a fazê-lo. Quando me apetece, quando acho que sim, quando não me chateia.
Agora não sinto aquela necessidade de outros. Sinto um gostinho especial em estar sozinho. Tenho-me sentido até meio sorridente. Dizem que é impossível ser feliz sozinho... Já estive mais próximo da impossibilidade de ser feliz acompanhado!
Ironias... Não me importo de funcionar de outra forma. Não faço mal a ninguém. Continuo a não gostar de magoar as pessoas. Mas se magoar, que se lixe! Se magoar, é porque não perceberam! Se magoar, é porque não pensaram! Se magoar, é porque errei ao pensar que iriam pensar!
E eu continuo a pensar! Apenas não penso no drama de não conseguir fazer as coisas bem. Aprendemos com os erros não é? Pois eu também aprendo com isso. E talvez já tenha aprendido uma grande parte. Penso que tenha chegado a hora.
A vida iludiu-me e desiludiu-me. E agora? Agora vejo as coisas de forma mais clara. Agora sinto que sou capaz de viver à maneira que sempre quis. Eu sei que sim! Eu sei que vou começar algo novo. Sozinho. Eu e o meu corpo e a minha mente. Serei eu a projectar a minha vida. Serei eu a subir sem a ajuda de uma escada ou elevador. Serei eu a fazer o que quero, como quero, quando quero.
Serei eu a decidir.
Serei eu a viver.
Não preciso de mais ninguém para além de mim para me sentir vivo.
Não renego ninguém que queira entrar na minha vida.
Não obrigo ninguém.
Não facilito.
Não esqueço.
Não me torturo por não quererem entrar.
Não me torturo por quererem sair.
Não fico aqui, mas conseguem-me encontrar.
Será assim.
Será como eu quero.
Serei uma luz finalmente.
A minha luz.
E só os que estiverem à minha volta me irão ver.
Só os que me procurarem estarão à minha volta.
Só os que pensarem me procurarão.
Será assim.
Será como eu quero.

15 julho 2011

Memória Ausente

Tudo desaparece um dia.
Num segundo está lá,
Noutro se arma a cobardia.
E eu... Eu fico cá!

Por vezes desaparece completamente,
Noutras uma mancha substitui.
Está lá o espaço, vazio, inocente.
Diz-me algo que falta. Que fui...

Porque hei-de olhar tanto ao passado?
Já passou... Já devia... Mas um buraco deixa-me a morrer,
Vazio mas cheio de algo abandonado,
Impede-me de subir ou descer.

Como posso fechar esta memória?
Apesar de vazio está cheio.
Fazer pressão pode fazer-me passar à História:
Funciona como se existisse ar no meio.

Será possível com outra ocupar?
Substituir o carbono por oxigénio...
Deixar-me-ia pelo menos respirar!
Seria uma ideia de génio...

Seria. Se funcionasse...
Suspeito que será mais difíil do que parece...
Porque tenho de viver neste ímpasse?
Serei sempre o sujeito que padece...

Longe. Perto

Longe de tudo.
Longe da sociedade.
Longe do lixo, da porcaria, da poluição, do pecado.
Longe...

Perto do mundo...
Perto da natureza.
Perto das flores, das árvores, dos frutos selvagens.
Perto dos esquilos, das formigas, das andorinhas.
Perto de tudo e longe do mundo...

Sonhos de dar uma volta e meia...
Escolher o meu cantinho, o meu prado de repouso.

Sonho que sou pastor, acordo escravo da sociedade.
Sonho que sou um peixe, acordo afogado em lágrimas.
Sonho que sou uma águia, acordo a ser empurrado para a prisão.
Sonho que sou uma minhoca, acordo sozinho e abandonado.
Sonho que sou o mundo, acordo sob a lei dos homens.

Não chega sonhar.
Não chega acordar.

Quero mais.
Quero algo.
Quero o mundo.

Sonhar com ele.
Acordar nele.

Ser feliz.

14 julho 2011

De Volta a um Mundo Negro


Mais uma vez caminho para um buraco negro.
Já era de prever: andava a dar demasiado sem receber. A forma como funciono impede-me de viver: dou e não recebo: a única coisa que tenho é ver os outros contentes com o que dei. Alguns agradecem, mas apenas por educação: na verdade não sabem o que é agradecer.
E agora? E agora que se foram todos embora? E agora que já ninguém precisa de mim? Já não sou necessário... Já não tenho utilidade para os que me rodeiam...
Já ninguém me rodeia!
Há uns anos era eu que ajudava tudo, servia para desabafar, para falar sobre tudo o que muitos não queriam e se estavam a ralar. Eu sacrifiquei o meu tempo, mas para desenhar um sorriso naqueles de quem gostava e por quem sentia carinho.
Agora onde estão essas pessoas? Agora onde estão as pessoas?
A certa altura desapareciam umas, apareciam outras e aquilo que chamava de amigos deixou de existir: os amigos não vão e vêm: esses são os interesseiros.
Mesmo assim nunca rejeitei nenhuma conversa. Destruí o meu orgulho sendo sempre eu a meter a conversa quando decidiam que já não fazia falta. O que resultava é que me abandonavam na mesma.
Até há pouco tinha sido assim. Mas parece que o equilíbrio não estava a meu favor: desapareciam mais pessoas do que apareciam e o número começou a reduzir. E agora estou muito perto do zero.
As luzes em torno de mim apagaram-se. Estou a voltar ao meu poço, antigo, que já há muito não visitava. Não tenho saudades... Não tenho saudades de viver no escuro e no fundo do mundo...
Onde é que errei, pergunto eu... Não sei... Terei sido eu a errar? Talvez deva fazer primeiro esta pergunta... Mas a qual responder primeiro? Não tenho respostas... Começam-me a vir os pensamentos de que não fui feito para viver nesta sociedade. Sou demasiado sensível. Sou demasiado dado. Sou demasiado frágil: sou um alvo de interesseiros que deitam fora um “amigo” como deitam o lixo no chão: nem se dão ao trabalho de pôr no sítio que deve estar...
Neste momento tornei-me a única estrela. Sou eu que dou brilho a este poço escuro. Sou eu que me consigo guiar. Por enquanto. Porque as baterias se esgotam: precisam de ser carregadas. E eu carregava-me com os sorrisos dos que me rodeavam.
E agora?
Apago-me um dia? Sim, todos acabam por se apagar...
Apago-me em breve? Talvez...
Ou talvez seja mais resistente do que penso...
Talvez...

13 julho 2011

Aventura Infernal: Comboio do Inferno


Silêncio profundo no comboio. Este rasga silenciosamente o vento, que mal se ouve passar. Os meus olhos vão-se deixando de ver, cobertos pelas pálpebras cansadas. Um abre e fecha, lento, preguiçoso.
Sinto uma força a puxar-me para trás. Vai aumentando e o meu corpo vai-se encostando à cadeira, pressionando-a para trás. O comboio acabou de entrar num túnel inclinado. Quinze graus, vinte, trinta, cinquenta! E ao mesmo tempo a temperatura aumenta: vinte, trinta, cinquenta, cem!
Os olhos já não se fecham e tornam-se atentos: o túnel escuro torna-se mais visível: avermelha-se de um tom de sangue ardente, rugoso e pingado, a humidade vai diminuindo, o vapor vai-se formando e o ar fica abafado. Duzentos graus.
Os bancos já não são confortáveis: são agora de pedra bicuda, que deixam as costas com buracos de meio centímetro cheios de sangue vivo a baloiçar na carne crua que teve a curiosidade de ver o que se passava. São agora ointenta e nove graus de inclinação, com o comboio sempre a acelerar. Jão não sinto as costas. Felizmente. Senão nem os olhos veriam, pois se iriam fechar, inconscientes.
O resto do interior do comboio tornou-se sombrio também. As janelas manchadas e com vidros quebrados e estaladiços. A velocidade faz com que um bocado da janela ao meu lado se quebre e me salte um bocado para a orelha, que se rasga em dois bocados. O pescoço não se safa. Ainda se rasga uma artéria mais saída quando a ponta do vidro passa pela orelha. O pescoço pinta-se de vermelho negro.
Não há problema! O sangue mistura-se ao vermelho tinto que pinta agora o comboio. Estou quase dentro do ambiente! Mas ainda não completamente. Nos bancos à frente está um corpo de rapariga, negro e carbonizado, maneta. Coitada... Tentou fugir pela janela e quando esmurrou o vidro, os estilhaços entranharam-se de tal forma no seu pulso, que o cortaram, caindo lá para fora, perdido para sempre na linha do Inferno. Desesperada, tentou atirar-se de cabeça, mas uma língua de estrela viva queimou-lhe o corpo de tal forma, que começou por brilhar como uma estrela, acabando por arrefecer e mostrar um corpo seco e quase carvão.
Sou o único que ainda mexe os olhos. Não! Há mais um! Mas a sua cabeça acabou de ser arrancada e veio-me parar ao colo. Dentro de segundos serei o único. Entretanto, observo os olhos que me observam, a pedirem socorro, com uma boca que já não produz som, em formato de agonia. Os olhos reviram-se, o crânio rebenta e os neurónios saltam como se se tratassem de serpentinas, mas mais gordas e rosadas, pingadas de sangue queimado.
Mas quem arrancou a cabeça desta criatura? Ólho para as sombras e vejo uma camada mais escura. Está lá algo. Dois pontos de total escuridão destacam-se ainda mais. Movem-se e aproximam-se de mim e apercebo-me que são olhos. Olhos... Cheios de ódio que se focam em mim. Uma alma penada, que sofre por dentro mas obedece a algo superior. Aproximam-se e afastam-se. Não me fazem nada. Porquê? Não compreendo...
O comboio começa a abrandar e as costas sentem finalmente a dor. Em parte vermelhas, em parte rosadas, em parte negras. O comboio permanece parado. Levanto-me e procuro uma porta por onde possa sair deste inferno. As janelas estão negras e não consigo ver onde estou. Uma porta trancada. Duas. Outra. Que inferno! Não consigo sair!
Finalmente uma porta que dá um estalido! Finalmente verei a luz do dia! Finalmente...
Areia vermelha por baixo dos meus pés... Um rio de lava que faz um semi-círculo em torno da... estação... Uma placa feita de ossos humanos com bocados de carne a arder formam uma palavra... INFERNO. Cheguei... Cheguei ao verdadeiro Inferno!

O Adeus


Serei o único?! Serei o único a ser romântico? A sentir as emoções como algo tão forte que tornam as coisas mais intensas? Devo ser... Devo ser o único tolo que anda por aí a acreditar nessas lamechisses. O único otário que acredita na palavra Amor e que faz tudo para que continue a existir, cada vez mais forte, mais especial.
É incrível como devo ser um dos que tenta odiar mais estes sentimentos desprezados e acabo sempre por cair na tentação de os recuperar. Porquê? Porque não consigo de uma vez por todas perceber que isto é uma ilusão? Que não passam de sonhos de uma criança parva!
Oh!... Juro que gostava de aprender com todos vocês! São capazes de amar três pessoas ao mesmo tempo e ainda darem um beijo a um quarto... E quando “amam” um apenas, torna-se algo tão fanático que esquecem os amigos e todas as outras coisas boas. Não arranjam um equilíbrio... Ou talvez até seja eu o desequilibrado. Sim, deve ser isso. Eu é que não me adaptei à realidade. Uma realidade em que tudo funciona de orgias e de beijos e de gente necessitada de companhia.
A época do Romeu e Julieta já não existe. É passado. Hoje há demasiada liberdade. Hoje o objectivo é ter algum tipo de relação com a rapariga mais popular ou mais bonita. Ou então é namorar com a única pessoa que consegue aturar a demasiada imperfeição que tem, só porque não tem mais ninguém.
Não. Agora só existe o Romeu. Existo eu. A Julieta? Essa é imaginária. Essa é a que imagino. É aquela com que sonho e por vezes parece que a vejo. Mas não. Quando acredito que o sonho se tornou real, conseguem destruí-lo com uma simples palavra ou acção. Mostram-me que não sabem o que é amar. Não sabem amar como eu o faço. E para mim amar é mais do que dizer a palavra. É preciso mostrar. Quem ama luta por quem ama. Quem ama faz o melhor por quem ama. E o melhor não é sempre o que parece melhor para a outra pessoa. Por vezes quem ama, tem de saber lidar com o sacrifício de apontar um erro. Por vezes tem de saber ouvir erros da sua parte. Quem ama, é capaz de mudar determinados pormenores, determinadas atitudes. Não, não pode mudar a pessoa que é. E não pode exigir que a outra pessoa mude. É egoísta e só mostra que não é aquela pessoa que ama, mas sim aquela imaginária. É isto que eu penso quando surge a palavra Amor. Foi isto que pensei sempre que o disse. Foi isto que pensei sempre que me disseram. Nunca foi isto que me mostraram. Deixaram-me sempre ir, sem valor. Porquê ir atrás daquilo que não amam nem nunca amaram? Não, o Amor não aparece nem desaparece assim de repente. A única resposta é que nunca amaram verdadeiramente. Mas isso, pelos vistos, já é o normal.
Neste momento um dos meus objectivos é deixar-me de romantismos. Deixei de acreditar que é possível. Sinceramente, eu ofereci aquilo que muitas raparigas pedem. Mas esquecem-se que numa relação não se pode só receber. Também têm de dar. E eu não recebi nada. O sorriso que tinha não foi por me terem dado algo. Foi simplesmente porque sentia que fazia algo bem feito, que conseguia colocar um sorriso na cara de outra pessoa. Uma outra pessoa que eu amava. Se chorava foi por perceber que não era suficiente, por mostrar a mim mesmo que não consigo fazer uma pessoa completamente feliz, por saber que quem Amava não me amava a mim...
É hora de voltar a fechar o coração. Porque se aberto, atrai as moscas. Está a apodrecer com o que o rodeia. Não vou mais deixar que o mal-tratem. Ele merece paz. Merece Amor... Mas isso já não lhe posso dar, porque isso levaria à morte completa, bem como o próprio coração. Adeus pessoas ridículas que não sabem o que são sentimentos. Adeus pessoas que desprezam todas as emoções. Adeus pessoas. Odeio pessoas. Odeio-vos a vocês que me fizeram odiar-me a mim e pensar que não presto. Adeus.