22 agosto 2011

Um Sonho Final


A velhice acaba por chegar, em princípio, espero eu, esperam todos. Alguns...
A morte, essa, é certa. Mais certa do que a velhice. Falo da morte física.
Mas o que é morrer? Fisicamente é óbvio: o corpo deixa de ser capaz de se mover por si mesmo, não é capaz de produzir nada, enfim.
Há quem fale na memória... Só morremos quando nos esquecemos. Então... Se nos lembrarem para sempre, seremos imortais. Ou, pelo menos, viveremos mais tempo. A memória de nós existirá para além da nossa morte física.
Porém, quando o nosso corpo já mal se aguenta, é normal ocorrer uma questão: fiz tudo o que queria? Concretizei os meus sonhos? Fiz algo por eles? E a resposta poderá deixar um morto feliz ou triste.
Eu já fiz essa questão a mim mesmo. Sou jovem, mas tentei imaginar-me velho e a morrer. Óbvio que não consigo imaginar-me completamente. Sinceramente, nem me imagino mortal. Existe uma sensação de imortalidade dentro de mim. Talvez por ser jovem.
Não consigo responder neste momento. Como posso? Não sei o que terei conseguido fazer até lá. Mas fez-me pensar no que gostaria de ter feito quando chegasse o momento. E comecei a sonhar.
Sonhar dá-nos ideias. Através de sonhos conseguimos construir algo usando-os como base. Ou será o contrário? Através de algo que vemos construimos sonhos. Sinceramente parece-me que seja um pouco dos dois. Primeiro vemos o mundo, sonhamos com algo diferente, concretizamos um pequeno sonho e queremos mudar algo mais e voltamos a sonhar mais alto.
Falo por mim quando digo que a vida é feita de pequenos sonhos que se vão criando ao longo dela. Sonhos que num momento podem não ter nada em comum, mas que no final tudo se encaixa e nos torna quem realmente somos. Quero morrer a sentir que completei o encaixe entre todos os meus sonhos.
Então surgiu-me um sonho, grande, complexo e simples, feito de todos os meus sonhos: o sonho final de uma vida: da minha vida. Sempre desejei deixar uma marca, tornar-me uma memória. Uma boa memória. Um exemplo. Portanto o meu sonho final iria inspirar as pessoas.
Passando a uma pequena descrição dele:
Num terreno no meio do nada, onde por algum motivo as pessoas nunca tenham habitado ou se tenham ido embora, iria ser construído tudo. Teria de ser um terreno grande, suficiente para uma espécie de palácio, um espaço verde exterior e um extra.
No interior desse palácio, iriam estar várias salas para cada uma das áreas do mundo, para as artes. Cada uma teria um pouco de tudo do que há de melhor em cada área. Existiria uma sala para cada um dos meus sonhos, concretizados e por conretizar, e os sonhos de outras pessoas que me tivessem cativado. Todas as salas estariam construídas de uma forma totalmente organizada, de forma a criar um simbolismo escondido no meio de tudo e nas pontas isoladas. Nada do que fosse construído seria por acaso: haveria sempre algum significado. Os ornamentos das portas e das paredes, a cor das janelas, as coordenadas de determinado objecto, enfim.
No exterior, seria reproduzido o melhor da Natureza: as mais belas plantas do mundo, as espécies animais mais raras, os efeitos mais fantásticos criados pelos diferentes climas. Novamente, tudo seria colocado de uma forma organizada, sempre com algum significado por trás.
Por fim, haveriam caminhos, grutas, tudo o que pudesse surgir na minha mente, que iriam acabar por fazer ligações entre o palácio e o exterior e até a outros locais especiais.
O objectivo seria cativar os sentidos primeiramente. Posteriormente, quem visitasse este local, sentir-se-ia obrigado a perguntar “porquê?”: entraria na fase de reflexão. Acabaria por tirar conclusões com a maravilha de tanta coisa. Esperançoso, iria criar um estímulo suficiente para seguir os seus sonhos ou até para criar novos sonhos.
De uma forma simples, este é o meu sonho final. Mesmo que não chegue lá, talvez inspire alguém a fazer algo idêntico.

1 comentário:

Bruno disse...

De facto , a morte é algo que nos afecta a todos e tal como tu já me interroguei muitas vezes sobre o assunto! bom texto, boas palavras! Continua!