14 agosto 2011

Mente Só de Sentidos


Olhos no mundo.
As lágrimas de nada servem. Apenas tornam a matéria castanha mais fluida, alastrando-se aos pontos mais escondidos, infectando toda as arestas da bola perfeita.
Olhos secos observam o mundo.
Olhos negros, emanando luz, cegos da visão, nutridos de ilusão.
Viajo na loucura da impossibilidade da perfeição. Repouso nos seios da lixeira do Universo.
Viajo. Repouso.
Viajo enquanto repouso.
A mente desenvolve-se sem os cinco sentidos. Não entra em contacto com o espaço e repousa. Permanece sóbria de estrume que não serve para fazer crescer e, sem qualquer adubo, cresce sozinha, mais do que nunca, guardando os sentidos num lugar especial, sem qualquer cadeado, pois o mundo não procura os meus sentidos: afasta-se deles porque tem medo de os enfrentar.
Mas a mente desenvolve-se com os cinco sentidos. Simplesmente estão escondidos para não afectarem em demasia. Os sentidos matam certos raciocínios. Metem medo. E a mente esconde-se e fica confusa. Mente a mente à mente. E o mundo desmentaliza-se no interior de algo direito.
Por isto, se escondem sentidos.
Por isto, observo com os olhos cegos.
Por isto, esmurro o nariz para se encher de sangue e sentir o odor do meu sangue enquanto me encontro no meio do lixo.
Por isto, fecho a boca enquanto saboreio o pó deixado pelo ácaros que o mundo deixou aparecer.
Por isto, rasgo os meus neurónios para poder sentir o mundo.
Por isto, encho os tímpanos de luz de cheiro para ouvir o vento passar com a palavras sem valor.
Por isto, talvez chegue a algum lado.

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