21 agosto 2011

Globos de Água


Um pequeno globo de neve. Quem nunca agitou um?
Uma pequena bola que se pega com a mão e, quando se agita, a neve em repouso no chão, movimenta-se para cima e para baixo, como que se nevasse no pequeno globo.
Uma coisa tão pequena e simples mas que deixa tantas pessoas interessadas em agitar, pelo puro prazer de verem os floquinhos cairem. Outros simplesmente olham para os flocos como uma memória de algo.
Mas... E se um globo fosse do tamanho de um berlinde? E se tudo o que nele estivesse diminuísse tanto quanto o globo diminuísse? Apenas os mais atentos seriam capazes de observar a neve cair...
E se... A neve se transformasse em água da chuva. Em vez de nevar chovesse num pequeno globo transparente. Nem todos os que antes eram atentos conseguiriam observar o seu interior.
Uma pequena esfera vazia, seria a observação de quase todos (se não todos). No momento em que alguém pegasse na esfera, tentaria abaná-la com esperança de ver algo. Não correspondendo às suas espectativas, jogá-la-ia fora, como que se merecesse ir para o lixo, sem qualquer direito de existir. Mas a chuva iria cair. E ninguém iria reparar.
Os meus olhos são como esta pequena esfera. Tornaram-se recentemente esferas isoladas, sem libertar quaisquer gotas de chuva. Um mundo completamente fechado, em que só a minha mente consegue compreender.
Muitos vêm agitar este mundo. Antes poderia escorrer um pequeno rio pela minha face, de felicidade ou tristeza. Hoje chove por dentro, num ciclo único da água, e ninguém se apercebe do que se passa.
Vão-se embora sem procurarem melhor, sem observarem melhor, sem me olharem nos olhos, sem me tentarem conhecer. E nos pequenos globos de água, o ciclo volta a repetir-se: chove.

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