28 fevereiro 2011

Nós - Resposta ao Dull Poet

Começarei pelos olhos. Certamente são eles que nos permitem olhar para o mundo e ter uma primeira vista de onde estamos. Mas os olhos não são todos iguais: variam de um para outro. Uns vêm mais desfocado, outros mais focado, apesar de a focagem poder não ser a vista mais real. Mas como disse, é com eles que podemos tirar alguma conclusão com a mente, cérebro, espírito, o que quer que considerem. São os olhos e todos os outros aparelhos que nos permitem receber informação do universo em que estamos. É a única forma de nos podermos relacionar com algo que poderá ser próximo ou não da realidade.

Mas essa matéria que te permite pensar, reflectir, ir a pormenores detalhados é que te permite distinguir dos outros com um valor superior. Tão superior, que podemos até desprezar um pouco os sentidos por vezes. No entanto, apesar da sua grandeza, são poucos os que usam as suas capacidades minimamente: neste mundo, esta sociedade humana, que desenvolveu a capacidade de pensar, deixou de o fazer decentemente.

Soluções para isto? Certamente há uma percentagem muito reduzida que se arredondarmos o valor chegamos a 0% da população. Esta percentagem consegue usar a cabeça e pensar no que está mal, no que está errado, no que o Homem tem feito, no que devia fazer, no que não devia fazer. Aponta, faz uma lista. Acaba por criticar e dizer que está mal, está mal, está mal... Mas esta percentagem não interessa assim muito. No fundo usam as capacidades que todos nós temos para o mínimo. Apenas uma parte deste conjunto de pessoas (valor ainda mais reduzido) consegue alterar o mundo para melhor.

Ora então: temos cerca de 100% de uma população de alguns biliões que não usa a cabeça para nada, não pensa, apenas estraga, destrói, dificulta a vida de outras pessoas, etc.; cerca de 0% da mesma população consegue pensar e vê (sem ser com os sentidos) aquilo que se passa neste mundo; desta última, uma minoria actua, sugere soluções, tenta implementar regras morais à sociedade que se esqueceu delas, etc.

Digo agora: somos poucos, muito poucos até, mas somos nós que vamos mudar o mundo para melhor. A Evolução não consiste num único passo: não passámos de macacos para Homem. A Evolução consiste por exemplo numa mutação. Nós somos os mutantes com as características melhores. Com o passar do tempo este “gene” irá passar por várias pessoas. Seremos apenas os primeiros e um dia a população terá 1% que pelo menos usa a capacidade de pensar.

Por isso digo: quem se sente sozinho, contagie as boas ideias a outras pessoas; por pouco que seja o nosso poder no mundo, são pequenas acções que nos farão crescer em número. E não tem mal ver o que está mal. Tem mal é não agir. É preciso que esta sociedade se una por uma mesma causa e não se ataquem uns aos outros. Volto a dizer: pequenas acções fazem a diferença!



Resposta a esta parte do blog do Dull Poet:
http://thedullpoet.blogspot.com/2011/02/too-blind-not-to-see-pt3.html

23 fevereiro 2011

Insanidade

    Não sei... Não sei o que se passa comigo... Não sou boa companhia para ninguém... E para os que sou... Pois deixarei de ser em breve! O controlo anda-se a perder... Sinto-me um revoltado, paranóico por tudo o que está mal. Tudo o que faço e fiz mal, se o vejo noutros, julgo-os como se devessem morrer... Será que no fundo apenas me odeio a mim mesmo por errar tanto? Será que não consigo tolerar que façam a mesma porcaria que eu fiz até agora?
    Começo a achar que é isso... Pelo menos nos mais próximos... Olho para os outros a pensar que são perfeitos... Mas basta uma pequena coisa que me deixaria a sentir mal se fosse eu a fazê-la para me levar ao estado raivoso... Pensar que fiz algo assim... Pensar que errei... Pensar que fui estúpido ao ponto de fazer algo tão brutalmente errado. E quando os vejo fazê-lo... Vejo-me a mim... Não têm nada a ver comigo, contudo.
    Talvez desde o meu décimo ano... Talvez desde o meu primeiro beijo... Talvez desde o momento em que me senti não desejado... Um momento em que nunca fui central para ninguém... Um momento que apenas me fez sentir sozinho... Mas não me apercebia disso, ignorante... Sentia sem o saber... Não pensei... E depois veio um beijo, mas senti que era falso... Senti que não fazia parte de ninguém na mesma... Vieram outros e quis acreditar que eram verdadeiros, mas acabei por cair da ilusão e cair no penhasco negro. Senti pela primeira vez o que nunca tinha sentido: um sabor de agonia por não me sentir especial, vontade de sentar-me nas escadas a pensar no que não podia tocar.
    E entrei num mundo virtual... Tantos que falaram comigo. Senti-me especial e útil. Mas... Aprendi que o virtual é falso... Não vejo um sorriso de satisfação por falarem comigo. Vejo palavras que podem muito bem ser falsas, não sentidas. E achei-me novamente alucinado.
    Pus na cabeça que não valia a pena esperar que me tivessem como especial. Dediquei-me ao que me fazia esquecer os meus pecados, os meus erros, as minhas alucinações. Mas acabava de me meter noutra: ignorar os factos, os erros. O que podia ter aprendido com eles... Basicamente esqueci. Tentei ilustrar sentimentos, mas o Amor não me apareceu e vim-me desesperado à procura dele... Acabei por cair em mais erros por os ter esquecido. Um ano de tristes erros que poderia ter evitado... Esperança que acabou por ir apodrecendo, um tumor de dor no coração que ia criando raíz... Vinha uma, vinha outra, mas acabava sozinho no quarto.
    Tornei-me cada vez mais frágil às palavras e actos. Revoltei-me por me sentir tão enganado... Tanta coisa que parecia mas não era! Dezoito anos de ilusões... E será que continuo numa? Como é que é possível?! Já nem consigo perceber o que sou... Há uns tempos destinei a minha vida à minha morte: tornar-me algo no mundo e ser reconhecido por algo bom. Fui demasiado positivo? Não estarei a sonhar mais uma vez? Ser o centro de alguém? Talvez não funcione assim... E se funcionar... Já estarei morto.
    E não o estarei agora? O coração parece que de repente se virou contra mim, decontrolado... Será aquele tumor que so tornou cancro? Poderá já estar completamente negro neste momento... E não seria de estranhar... Com o que me passa na cabeça, com a raiva que ultimamente aumenta com uma aceleração horrivelmente para cima...
    Como me posso ver ao pé de alguém assim? Se antes mal queriam saber de mim, agora muito menos. Tornei-me uma pessoa que pode ser muito arrogante e directa. Deixei de ter cuidado com as palavras que usou, deixei de me importar com o que digo, desde que seja verdade. Não interessa se magoa...
    Quem sou eu? Julgo os outros ou julgo-me a mim? Quem está mal? Sou eu? Ou são os outros? Ambos? Não sei... Sei que em breve poderei não ser boa companhia... O controlo é afectado pelo coração, mas este já está controlado por um cancro maligno. Estarei louco?

21 fevereiro 2011

Cansado do Sono

No silêncio oiço um som ensurdecedor.
No escuro negro destaco certa cor.
Um vento furioso ruge lá fora.
E tudo isto sinto, sem mandar embora.

Sinais de vida, memórias de movimento...
Estava deitado e agora me sento.
Cúmplice da noite, acordado,
Com o cérebro tão perturbado.

Não durmo. Que se passa?
Ordeno à mente que algo faça,
Mas não obedece, cansada.
Precisa de descansar, se não, cá nada.

Mas porquê dormir? Coisa fraca!
Ter de me fingir oito horas numa maca...
Não estou doente! Quero viver!
Não posso estar parado com tanto para fazer!

Para tudo, o tempo é, certo, suficiente.
Mas o tudo implica estar consciente!
Sonhar porquê, se posso ter na realidade?!
Posso sentir o que é bom de verdade!...

Oh corpo mais fraco! Um terço!...
Um terço do dia me levas desde meu berço!
Dormir devia ser só na eterna morte,
Fraco da velhice, mas de vida forte!

Segredo

Sou demasiado perfeccionista. E devo dizer que não o sou apenas comigo. Não posso ver nada que esteja errado. Sou um revoltado.

Sei bem que a Perfeição não existe, não passa de um valor imaginário que não está ao alcance de mim, dele, dela ou daquilo. Mas sou perfeccionista no sentido da aproximação. Pequenos erros, pequenos pormenores, colocam-me tais questões que o miolo começa a fritar de assistir a tais barbaridades.

Bárbaro. Sou eu por dentro. É talvez a única coisa que me faz ser por existir à volta algo assim. Não sou de seguir o que sinto, o que os outros são ou mesmo o que não são. Sigo o que acho bem e, obviamente, também erro e cometo desses bárbaros erros que fazem parte da minha imperfeição mais ampla do que a de outros. Mas é outro o tipo de bárbaro em que me torno por contágio. Fico com sede de sangue, sede de morte, de estrangulação, de ver os olhos de outrém saírem pelas órbitas. Fico húmido na boca da saliva raivosa a borbulhar, devido à temperatura que aumentou gravemente, face aos miolos andarem numa de brincar no óleo.

Porquê?! Porque sou tão sensível a pormenores que secalhar outra pessoa nem repara? Pois além de ser sensível na parte da observação, sou rigoroso na avaliação do que percepciono. Por mais que não pareça, sou uma pessoa que odeia. Principalmente pessoas. Certamente irei odiar os mesmos que muitos: terroristas, pedófilos, violadores, etc. Tudo isso será público da minha parte e muitos já o saberão. Coisa que se mantém secreta, minha unicamente, é o facto de odiar em silêncio. Num momento que tudo se está a rir, inclusive eu, posso estar a odiar, com a minha sede de pegar numa faca e ver as goelas de cada um rasgarem-se em quatro partes e ver várias fontes de um vermelho nojento e cheio de vermes! Tudo porque me podem simplesmente ter dito que sou um otário... A mim, a ele ou a ela. Tudo poderia ser razão.

Não o faço. Nunca o fiz. Nunca passei de gritos ameaçadores e um único murro. Controlo... Muito mesmo... Como o tenho não sei, mas certamente é o que equilibra a minha mente psicopata. Caso contrário, seria dado como doente mental e, se me quisessem pôr a vista em cima, só mesmo num hospital daqueles especiais.

Não deixo de ser bem humorado. Coisa que aprendi foi a ouvir piadas, a fazer pouco de mim mesmo, a rir-me do que falam a meu respeito. Faz parte do controlo. Sei que seria incorrecto fazer o que me passa na cabeça naquele momento de frustração e raiva por isso não o faço. Até quando isto irá durar, não sei. Mas espero que tarde o suficiente para poder desfrutar da vida. Afinal de contas, isso não me impede de viver. Apenas me dá uma perspectiva diferente das coisas.

10 fevereiro 2011

Barreiras

Chamem-lhe falta de sorte ou azar,
Sei que a mim não vai largar
Sempre que se motivar a mente.
Acreditem, não é preciso ser vidente.

Mas desta vez não há barreira,
Nem uma única alma inteira,
Que me impeça de seguir.
Agora sei que vou conseguir!

Que venham todos bem armados,
Que venham bem carregados.
Posso garantir, sem brincar:
Não é isso que me vai abrandar!

Pela primeira vez acordei realmente
E acordei por ter de vos fazer frente.
Pois que me queriam enfiar no poço,
Saí de lá rei e ainda ganhei um fosso.

Mas ser rei não é muito para mim;
É só um ponto de partida para um fim.
Certo, é que já posso gritar,
Tenho poder, posso lutar!

05 fevereiro 2011

Vontade de Navegar

Que vontade de navegar!
Queria tanto ter um navio
E poder lançar-me ao mar.
Mas só jangada. Só ao rio…

Que seja então da nascente!
Não sou mais que ninguém,
Começarei como toda a gente:
Sem nada, para chegar a cem.

Terei de arranjar tripulação.
Sozinho a barca cairá,
Não verei sequer camarão.
Então que marinheiro virá?

Ah! Que não sejam demorados
Que este pirata quer velejar!
Mas não se dêem por enganados,
Que isto não é para brincar!

Tempestades que virão,
Sangue que será derramado,
Mortes que vão deixar emoção
E cá estarei eu, vosso amado.

Chegaremos ao fim do horizonte,
Marcados de morte e agonia.
Mas ficará bandeira nesse monte
E seremos imortais, tal como queria…

04 fevereiro 2011

Chamamento do Infinito


Quero ser tudo e ainda sou nada.
Sou meras palavras escritas,
Sons que saem pela boca.
Nesta sociedade enganada,
Apodrecem-se-me as ideias estritas.
A minha mente torna-se oca.

Mas o meu corpo intelectual,
Cheio de sementes do Demónio,
Começa a dar o fruto proibido.
Encho-me de novo do não usual,
Passam mensagens por cada neurónio.
O meu ser torna-se bem sucedido.

É hora de sair desta prisão,
Aprender o que não sei,
Ir além do limite do possível.
Desvendarei a escuridão
E dela tornar-me-ei rei.
Rei de um mundo invisível.

Tudo é nada onde moro agora.
Aqui não vêm a realidade.
Contentam-se com o que está.
Mas eu viajarei lá para fora,
Procurar o invisível à humanidade.
O infinito chama-me para lá.

Interferências

Acordo para a vida e quero melhorar.
Planeio o dia seguinte para trabalhar.
Mas a vontade de crescer cai a pique
E faz com que como antes fique.

Impulsos do cérebro pelo clima quebrados.
Pensamentos que continuam no escuro fechados.
Como posso assim crescer,
Se não me deixam a vida viver?!

Eu que quero ir além do conhecido,
Por o fazer sou sempre punido.
Ideias de outros que se batem nas minhas.
Ideias feitas a partir de duas linhas.

Não me contento com número tão inferior!
Quero mais! Quero ser superior!
Não quero sempre o mesmo tecido!
Quero antes escolher o desconhecido!

Um dia serei capaz de controlar totalmente,
De escolher quem me faz bem à mente.
Mandar embora os que me fazem chorar,
Afastar ideias que me fazem gritar.

Neste momento apenas só…
Sem interferência de ideias que metem dó.
Um génio que está para ainda vir,
Mas que já passou da fase de sentir.