Ambição. Palavra que me persegue desde que me lembro. E desde que me
lembro cada vez mais ambicionei. Raramente me contento com algo. Se algo corre
bem para os outros, para mim podia ser melhor. Não me desanima, mas… Pode ser
diferente.
Ambicionei, ambiciono e continuo a ambicionar cada vez mais. Porém não
passou disso: do mesmo nível, da mesma etapa... Continuo a querer, a pensar no
que fazer, a imaginar como seria, a sonhar… Há quem se contente com um único
sonho e se foque nele. Alguns conseguem, outros não; alguns tentam, outros não.
Eu… A cada dia crio um novo sonho. E não, não deixo os outros para trás.
Perseguem-me todos, todos os dias, somando-se uns aos outros.
Só posso culpar a vida ter tanto por onde pegar. Tudo o que é novo me
desperta a atenção. Em especial o que é difícil, o que é “inatingível”. A
sensação de sentir que tenho um desafio faz-me sentir vivo.
Ainda assim, é também isto que me pode deitar abaixo. Com tanto que
quero e tanto desejo, acabo a não saber no que pegar primeiro. Acabo sem
acabar, deixando tudo por começar… E cada vez mais me sinto incapacitado. Vejo
cada vez mais para fazer e nada a ser feito. Esta relação de crescimento
deixa-me a cabeça descontrolada, confusa. Acabo a usar esse tempo no que menos
interessa, no que, na realidade, não sonho. Perco-me em serviços da vida que
contribuem apenas para o prazer instantâneo, sem qualquer benefício futuro. Não
no futuro que quero.
E a essência da vida perde-se nos sonhos que se criam e ficam por
concretizar. A sensação de ser fraco ao ponto de não os levar em frente…
Seriamente acredito que sozinho é complicado, talvez impossível. Mas sonhos
destes… Sonhos tão ambiciosos apenas são realizados por gente forte. Gente
realmente ambiciosa. Eu? Eu ridicularizo-me, desconfio de mim, faço troça de
mim. Envergonho-me das minhas acções e desacções… Enquanto isto, passa o tempo.
E com o tempo, cresce a mente, os receios, as fraquezas. Mas crescem
também as forças, a vontade de o aproveitar, de o querer fazer florescer e,
finalmente, ver sonhos, não nascer, mas sim crescer num produto vivo, num
pedaço de arte do que sai da imaginação fértil e ambiciosa. É preciso força e
trabalho. É… E acima de tudo, é preciso coragem. Porque sem ela, não há como se
levantar das várias quedas de tão grandes sonhos. Pois tanto alto se quer
subir, maior o risco de cair. Mas quanto mais se quer, maior essa a coragem de
continuar tem de ser.
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