07 janeiro 2015

Ambição



Ambição. Palavra que me persegue desde que me lembro. E desde que me lembro cada vez mais ambicionei. Raramente me contento com algo. Se algo corre bem para os outros, para mim podia ser melhor. Não me desanima, mas… Pode ser diferente.

Ambicionei, ambiciono e continuo a ambicionar cada vez mais. Porém não passou disso: do mesmo nível, da mesma etapa... Continuo a querer, a pensar no que fazer, a imaginar como seria, a sonhar… Há quem se contente com um único sonho e se foque nele. Alguns conseguem, outros não; alguns tentam, outros não. Eu… A cada dia crio um novo sonho. E não, não deixo os outros para trás. Perseguem-me todos, todos os dias, somando-se uns aos outros.

Só posso culpar a vida ter tanto por onde pegar. Tudo o que é novo me desperta a atenção. Em especial o que é difícil, o que é “inatingível”. A sensação de sentir que tenho um desafio faz-me sentir vivo.

Ainda assim, é também isto que me pode deitar abaixo. Com tanto que quero e tanto desejo, acabo a não saber no que pegar primeiro. Acabo sem acabar, deixando tudo por começar… E cada vez mais me sinto incapacitado. Vejo cada vez mais para fazer e nada a ser feito. Esta relação de crescimento deixa-me a cabeça descontrolada, confusa. Acabo a usar esse tempo no que menos interessa, no que, na realidade, não sonho. Perco-me em serviços da vida que contribuem apenas para o prazer instantâneo, sem qualquer benefício futuro. Não no futuro que quero.

E a essência da vida perde-se nos sonhos que se criam e ficam por concretizar. A sensação de ser fraco ao ponto de não os levar em frente… Seriamente acredito que sozinho é complicado, talvez impossível. Mas sonhos destes… Sonhos tão ambiciosos apenas são realizados por gente forte. Gente realmente ambiciosa. Eu? Eu ridicularizo-me, desconfio de mim, faço troça de mim. Envergonho-me das minhas acções e desacções… Enquanto isto, passa o tempo.

E com o tempo, cresce a mente, os receios, as fraquezas. Mas crescem também as forças, a vontade de o aproveitar, de o querer fazer florescer e, finalmente, ver sonhos, não nascer, mas sim crescer num produto vivo, num pedaço de arte do que sai da imaginação fértil e ambiciosa. É preciso força e trabalho. É… E acima de tudo, é preciso coragem. Porque sem ela, não há como se levantar das várias quedas de tão grandes sonhos. Pois tanto alto se quer subir, maior o risco de cair. Mas quanto mais se quer, maior essa a coragem de continuar tem de ser.

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