Por alguma razão se aprende a trabalhar (ou se deve aprender) logo de
pequeno. É como tudo: uma questão de hábito. Se nos habituamos de criança a
fazer determinada coisa de certa forma, quando damos por nós a ter consciência
já fazemos disso algo natural. O problema vem quando decidimos que aprendemos
da forma errada ou que existem outras opções mais simples. Na verdade este nem
é um problema, visto que por vezes encontramos realmente uma melhor atitude do
que a nos foi ensinada. O problema é quando nos enganamos e anos mais tarde
tentamos voltar aos velhos hábitos.
Pode parecer fácil: se já o fizémos é só voltar a fazê-lo. Porém talvez
não seja tão simples. Se a mente se sentiu enganada no passado e substituiu uma
determinada forma de pensar ou agir por uma mais simples, pode muito bem ter
sido caso de preguiça ou ignorância. É o caso de achar que se pode deixar para
amanhã algo que podíamos deixar feito hoje.
Quero aqui salientar o factor preguiça, um factor enganador que leva a
pensar que estamos a seguir um caminho mais simples. Pessoalmente,
experimentei-o durante uns anos. Se pudesse culpar algo ou alguém, culparia
especialmente a facilidade do ensino secundário com que me deparei. Até lá
tinha sido trabalhador, perfeccionista. Mas quando me apercebi da facilidade
das coisas, do ambiente do “será que tenho positiva?” e nunca me ter deparado
com tal problema, começei a descambar, a deixar de trabalhar diariamente, estudar
em vésperas dos testes. E infelizmente continuei a ter notas decentes, maiores
por vezes que aqueles que se esforçavam a estudar. Chegava até a ter piores
notas quando estudava, o que me levou a deixar o estudo um pouco de parte. Cada
ano que passava o estudo era menos, existindo praticamente só em vésperas de
testes.
Porém o interesse sempre existiu. Sempre existiu a curiosidade, a
vontade de saber mais. A cada aula que ia sentia que aprendia algo novo ou que
podia aprender algo interessante. Mas assim que estava fora da sala, parecia
que a vontade se escondia cá dentro. Ainda assim, sabia que queria seguir
estudos na faculdade. E assim o fiz. Mas foi nessa altura que a ilusão começou
a notar-se: o nível de trabalho aumenta e os hábitos são praticamente nulos no
que toca a trabalhar diariamente. As matérias nem são necessariamente muito
complicadas, mas o fluxo de saberes que é necessário interiorizar é muito
maior, o que implica um estudo contínuo.
Apenas ao longo do meu segundo ano me deparei com o meu maior problema:
os meus hábitos de trabalho são péssimos para este nível de estudo. Para não
bastar, apercebi-me que havia muita coisa que ainda não tinha feito, muitos
sonhos por realizar, acordados todos em simultâneo. Aqueles sonhos que se
criaram nas salas de aulas e se escondiam, soltaram-se todos nesse momento,
cheios de vontade de vingar. Curso universitário mais uma imensidão de sonhos
completamente distintos e... Um hábito de trabalho completamente errado... Como
conjugar tudo isto por forma a completar tudo o que posso?
Infelizmente ainda não obtive essa resposta, mas estou a lutar por
isso. Insucessos são previsíveis, para não contar com os que já foram
encontrados. A minha atitude perfeccionista activa e uma desilusão pessoal em
conjunto... Obstáculos constantes para cumprir objectivos...
É irónico quando o maior obstáculo da vida somos nós próprios...
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