Ignorante Eu, ignorante Passado. Ignorante Presente
e Futuro. Nasci a ignorar, ingenuamente parvo. Cresci ignorando, sensivelmente
estúpido. A falta de um parafuso apertado... Ou dois ou três. Nasci Imperfeito
e dele me criei. A imperfeição de ser ignorante ao ponto de ignorar a própria
ignorãncia.
“Sou ignorante”, isto não basta para o reconhecer. É
preciso perceber estas palavras, dar-lhes sentido. E posteriormente, quando
passada a barreira de compreender a ignorância, falta deixar de ignorar. Feito
isto continuo ignorante e continuarei a sê-lo. Simplesmente muda o nível de
ignorância.
Passadas as barreiras referidas, entra-se num nível
que permite imaginar, recriar, sonhar. Mas dorme-se. Acordado, dorme-se.
Imagina-se um mundo diferente, como seria ao nosso agrado. Sonha-se com uma
vida deitada, confortável, ao nosso gosto, á imagem do que nos poderia fazer
feliz. E a ignorância existe aqui, onde os olhos se fecham ao mundo verdadeiro
e as mãos se apertam uma á outra. De que serve sonhar assim?
Ignorantes aqueles que não conhecem as
funcionalidades do corpo. Não sabem que as mãos se fecham e abrem se o
quisermos. Não sabem que o som sai pela boca apenas se o deixarmos. Não sabem
que as pernas se movem consoante a nossa vontade. Não sabem disto. Mas pelo
menos, alguns sabem que são ignorantes. Mas é preciso passar ao nível seguinte.
É preciso conhecer estas nossas capacidades. São elas que nos permitem passar
da ignorância de um sonho, à realidade da nossa vida. Bem aplicadas, podemos
até tornar um sonho real e melhor.
Mas certamente que continuará a existir um nível de
ignorância. Como ser humano, tendemos a tê-lo a vida toda. Talvez um dia o
deixemos de ser, mas até lá, é ir desenvolvendo a nossa consciência, criando os
nossos sonhos e concretizá-los. Se há mais depois, cabe a cada um descobrir...