Quero pensar… Nada sai. Nada entra, de todo. Na verdade, é
uma ausência de movimento. Sistema conservativo, em que o cérebro nada ganha,
nada perde. E como nada perde e nada ganha, nada pode ser usado do que lá está.
Memórias. Apenas isso. Apenas se pode visualizar a
existência. Mas ver e não desenvolver… Isso é o mesmo que ter e não ter. É o
mesmo que estar uma televisão desligada... Mas como foi que se desligou este
cabo?! Como vim eu aqui parar, a este estado de flutuação no meio do vento
inexistente?
Escrevo (e mal escrevo) consoante as últimas memórias. A
consciência ficou-se-me neste estado e posso, portanto, escrever sobre ele. Mas
escrevo há tanto tempo sobre o mesmo. Nada mudou. O que mudou não me afectou,
pelo que pouco importa, pois falo de mudar-me a mim. Mudar o que sei, o que
penso, o que imagino. Não houve progresso.
Como sair? Se estou preso neste estado de consciência, como
posso sair, sabendo que apenas sei o que sabia? E chegará o que sabia para
voltar novamente ao rumo? Posso ter escolhido caminhos que me prenderam a este
troço do tempo.
Uma coisa que acredito, ou seja, tenho acreditado desde o
meu ponto de paragem, é que não há caminhos que me possam colocar numa sala
trancada de todos os lados. Apesar de me sentir assim, sei que não pode
acontecer. Existe sempre um movimento possível no mínimo. Podem até existir
mais. Mas as variáveis são tantas em relação às opções que existirão. Não que
as conheça, mas consigo ter noção disso. A única hipótese é rever toda a minha
memória. Mas lá está… Variáveis e mais variáveis. Um sistema em que as
variáveis são muito mais do que as equações… Como resolvê-lo?
Pergunto-me a mim…
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