O mundo pára. O mundo vibra, grita, expande-se em
torno de mim e de mim faz silêncio. Sou eu que me cubro do véu invisível. Sou
eu e não sou eu. É este mundo que me leva a fugir do que não existe, a preferir
o pesadelo dos meus olhos fechados a qualquer realidade que me expande as pupilas
dos olhos.
Dormi durante muito tempo. Sonhei muitas horas.
Sonhei acordado. Depois de se ter originado a Ideia quis acordar e expô-la.
Quis tornar uma ideia de um sonho num espaço real. A sua beleza é demasiado
incrível para ser rejeitada. “Não! Vou abrir as portas aos sonhos!”, pensei eu,
profundamente, entusiasmado, com medo...
E com medo continuei. O sentimento de falha é
demasiado forte, abala-nos completamente. É preciso uma força muito grande para
combater este sentimento. Ou então opta-se por outro caminho... Mas é este que
quero e não o desejo abandonar. Pois, mas que fazer em relação à constante
falha? Nenhum ser humano aguenta viver no meio da desilusão constante. É
preciso um ponto positivo, algo que dê uma luz. Mas em relação ao que quero...
Nada de luz.
Percebi então que o medo seria o problema. Na
verdade não se tratava de falhar. Tratava-se de ter medo de falhar. Se existe
hesitação, dúvidas, pouca força no lance de uma ideia, então nunca assumirá o
rumo que desejamos, porque no fundo achamos que vai falhar. Perder o receio é então
o caminho a seguir, ainda que seja algo complicado de controlar.
Face a esta descoberta pessoal, é preciso agir. Na
verdade, sempre foi necessário. Mas é necessária uma decisão, um acto que,
neste caso em especial, mostre que enfrentamos algo que nos afronta. Só depois
teremos a nossa própria prova de que ultrapassámos determinada barreira.
O meu maior medo é ficar sozinho. Tornar-me
invisível para as pessoas. Ser mais um no mundo, ser esquecido... E que melhor
do que me tornar realmente invisível, para enfrentar este meu medo? Só existem
pontos a favor: foco-me unicamente na minha Ideia, aquilo que mais quero
propagar neste mundo; assim que conseguir suportar a ideia de estar sozinho,
conseguirei suportar qualquer outra coisa e terei a força que precisar para
levar a Ideia avante; protejo-me do mundo real, que me polui todos os dias a
mente com ideias absurdas, impedindo-me de melhorar a minha própria Ideia...
Invisível me torno, debaixo deste manto que o mundo
me permitiu usar. Começo por perder algumas emoções que tanto me sacrificavam a
mente. Sinto-me mais leve, livre dos podres rotineiros. Sinto-me mais pesado,
porque o peso desta Ideia é elevado, pois carrego-a aos ombros. Porém, é uma
Ideia tão leve, tão simples, tão escondida mas tão fácil de alcançar... Fácil
se todos a quisessem fácil...
Então que volte a reaparecer quando conseguir
mostrar a uma parte deste mundo fétido que há mais para além disto. E nesse dia
terminará o meu primeiro objectivo, começando tudo. Não estarei mais sozinho.
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