13 setembro 2012

Passado do Futuro Presente


Corrida contra o tempo invisível,
Lenta, vagarosa, demorada.
Caminho de sentido imperceptível:
Frente, trás, seguir com a rajada…
E, como a Terra, giro em torno de mim,
Mas afasto-me do eixo para o que era fim.

Obstrução por memórias do futuro,
Presente vivido no que era para vir.
Um salto que me levou acima do muro,
A todo o resto da vida me fez fugir.
Desejo do que vem no que está,
Pois o que está extendia-se para lá.

E o que devia vir veio torto,
Pois não vivi o que tinha de viver.
Estive esse tempo em ponto morto,
Ponto que não me deixou mais crescer.
E degradou o futuro que tanto queria.
Que pensava nele e então sorria.

Mas quando há força de vontade,
Não importa passos ou saltos errados.
Há que dedicar o esforço à sanidade,
Agir no presente e depois nos fados.
E agirei como uma nova pessoa,
Ainda que igual no que a historia é boa.

Amizade

Balança com ruído a cadeira,
Presa ao ambiente de seco som,
Acompanhada pela velha madeira,
Chão usado que acrescenta um tom.
Escolhe esta sala o silêncio ruidoso,
Acolhido por coração frio e fogoso.

Vazio que se vai enchendo.
Aproximam-se os interessados,
Medrosos, nunca correndo.
Aproximam-se e ficam sentados.
Há ainda quem passe por fora,
Uns que se fartam e vão embora.

Histórias e cantigas soam no ar.
A multidão presta atenção,
Atenta às palavras a viajar.
Direcionam-se para o coração.
E então o instante é repetido,
Em que, da sala, todos haviam já saído.

Esquecido o homem orador,
Lembrada a palavra inconsciente
Presente na sua mensagem de amor.
Amizade a que tudo faz frente.
Até no esquecimento permanece
Pois se existiu já não falece.

Volta a cadeira a baloiçar,
Sabendo o seu futuro desconhecido.
Bem sabe que há-de alguém voltar,
Quando por acaso se sentir perdido.
E um novo conto servirá de abrigo,
Merecendo sempre por ser amigo.