Para quem nunca ouviu falar (devem ser poucos), o Darwinismo é, basicamente, a Teoria da Evolução. Inicialmente elaborada por Darwin, sem explicações completas, acabou por se tornar numa teoria que associa a evolução a genes, cromossomas, mutações, etc. Ora, o que leva à alteração de tudo isto, de acordo com a teoria, é o ambiente. Por outras palavras, um indivíduo sobrevive consoante a sua adaptação ao meio ambiente. Como tal, visto que a maior parte das espécies habita um determinado espaço, durante certo tempo, a natureza selecciona os mais resistentes, os quais irão passar os seus genes às gerações futuras. Desta forma, uma população submetida a determinadas condições ambientais, ao longo de um intervalo de tempo irá modificar-se no sentido de adaptação.
Olhemos agora para o ser Humano, também um ser vivo, de uma determinada espécie. Olhemos para o Homem actual. O que eu vejo é uma espécie capaz de controlar o ambiente quase na sua totalidade: não conseguimos parar tornados nem tsunamis, mas temos a tecnologia para prever e oferecer soluções para várias catástrofes e diminuir em muito as consequências; a medicina moderna, higiene e tratamento da alimentação permite um indivíduo sobreviver até muitos anos, mesmo que tenha muitos doenças, muitas delas passadas geneticamente. Podia continuar a enumerar os vários desenvolvimentos ou até mesmo aprofundar os referidos. No entanto, não é esse o ponto que quero salientar.
Muitos consideram o que mencionei como a Evolução do Ser Humano. Na verdade trata-se de desenvolvimento de uma Sociedade. Desenvolveram-se mil e uma maneiras de controlar vários pormenores naturais para oferecerem mais conforto a esta Sociedade, Comunidade, População. Mas no que toca à evolução do ser humano, o que acontece à teoria do “mais resistente”? O que direi abaixo irá ter em conta apenas os países desenvolvidos, visto serem esses que dependem essencialmente da Tecnologia.
Primeiro de tudo, a espécie humana ocupa uma área completamente gigante comparada a qualquer outra espécie. Habita uma variedade de ambientes, alguns extremos de outros. Seria de esperar que isto levasse à escolha do mais resistente e, portanto, o Homem fosse diferente em vários locais. Mas tal não acontece. O que acontece é que se usam aparelhos que permitem equilibrar o ambiente para o pretendido e, como tal, tanto os que têm os genes “resistentes” como os que não os têm, sobrevivevem praticamente o mesmo tempo.
Em segundo lugar, hoje existe uma mistura de pessoas de vários locais. É certo que o Homem se modificou de acordo com a teoria da evolução e existem indivíduos com características melhores para um ambiente do que para outro. Mas ao reproduzirem-se com indivíduos que seriam de outro local no passado, poderão estar a eliminar determinado gene. Por exemplo, um indivíduo que trás das suas gerações anteriores um gene que permite aproveitar melhor o ar inspirado, se se reproduzir com um outro indivíduo que tem uma doença pulmonar e o gene herdado pelo filho for o do segundo, então o gene desaparecerá. Poderá também acontecer o contrário. Mas o que quero dizer é que, como a informação genética individual já não tem grande importância para a sobrevivência, poderemos acabar por ser constituídos apenas pelos genes menos bons. Como tal, a nível evolutivo, poderemos estar a convergir para um nível médio em vez de melhorarmos.
Será que isto tem importância? Neste momento estamos dependentes da Tecnologia e é ela que nos permite sobreviver. Mas olhemos por exemplo para o Aquecimento Global. Daqui a uns anos poderá estar pior e a nossa solução foi desenvolver a tecnologia de forma a contrariar esse efeito de aquecimento. Imaginemos que o grau de evolução da Tecnologia é muito inferior ao do aumento do aquecimento. Então quando for superado o limite, sentiremos na pele um calor muito extremo e não iremos sobreviver. Por outro lado, se não existisse Tecnologia, o nosso corpo poderia conseguir-se ir adaptando ao longo do tempo e poderíamos sobreviver ao mesmo limite, pois a adaptação natural seria muito maior.
É decerto algo que me intriga um pouco. O que será correcto? O que deveremos fazer? Questões que me levam ao cume da reflexão.
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