13 março 2011

Sorte e Azar

Não existe sorte sem azar, nem azar sem sorte. Nenhum deles é individual sem ser colectivo. Mas o que é isso de sorte e azar então? Conceitos humanos, criados para poderem culpar algo que não eles pela falta de sucesso.

Se um indivíduo ou grupo de indivíduos diz ter sorte, noutro ponto do mundo existirá o azar. Portanto, a sorte é espacial e pessoal/colectiva. Imaginem então que estão a passear na rua quando encontram um carteira cheia de notas de 20€. Ah! Que felicidade! Que Sorte! Mas... O dono da carteira por acaso tinha trabalhado durante três meses arduamente para poder pagar a faculdade. Um dia um grupo de pessoas rascas foi atrás dele para o espancar e ele deixou cair a carteira durante a fuga. Oh! Que sorte que não o apanharam! Oh... Que azar que não o apanharam... Oh... Que azar que perdeu a carteira... Como vêm a sorte está em todo o lado, bem como o azar, podendo pertencer em simultâneo ao mesmo indivíduo/grupo.

Vejemos outra característica da Sorte. Imaginemos que ao grupo que mencionei acima, aquele que encontrou a carteira, uns meses mais tarde lhes chegou a polícia à procura dessa mesma. Oh que sorte! Encontraram a pessoa que tinha a carteira! Oh que azar... Agora são considerados ladrões... Por algo que fizeram há meses... Se não tivessem encontrado aquela carteira... Que azar! Sorte e azar para uma mesma situação, em tempos diferentes. Direi então que a Sorte é também temporal. O que agora consideramos sorte, no futuro poderá ser azar e, num futuro mais afastado, poderá voltar a ser sorte.

Estas características de tempo-espaço-indivíduo mostram o quão “útil” é a palavra “sorte”. O Homem aproveita qualquer razão para se desculpar das suas fraquezas. Procura culpar o seu colega, o seu amigo, o conhecido, o desconhecido. Mas nunca se lembra de se culpar a ele mesmo. E quando não tem imaginação para pensar noutra pessoa em quem colocar as culpas, culpa a sorte ou o azar.

Quando digo culpa não significa que seja mau. Posso até dizer que há dois grupos grandes de pessoas que usam este termo: um é o grupo de pessoas fracas que não querem ser mal vistas pela sua falta de sucesso e, portanto, dizem que o Azar as persegue; o outro é o grupo de pessoas que só pensam nelas e no presente e se esquecem que se ganham, alguém perde.

Eu não dou valor a estes conceitos. Para mim Sorte e Azar são ambos negativos porque não me dizem nada que seja verdade. Prefiro trabalhar pelo que quero, esforçar-me para chegar a algum lado, sem pensar em sorte ou azares. E um dia, quando conseguir o que pretendo direi: “isto foi trabalho, não foi Sorte! Os meus erros foram falta de experiência, não azar! E nunca desisti de lutar pelo que quero! E para aqueles que ainda acreditam em Sorte e Azar, então superei essas palavras de fracos!”.

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