15 março 2011

Nós e o Mundo - Materialismo

No início não havia nada. De repente apareceu algo e muito se formou. É o que dizem algumas teorias, muito resumidamente. Ora, formaram-se vários planetas, dos quais o nosso, a Terra, e, alguns anos mais tarde, apareceu-lhe a vida (acredito que haja, tenha havido ou venha a aparecer noutro). Mais alguns milhões de anos depois, com diversas mutações, alterações de espécies e extinções, apareceu uma nova e totalmente distinta: a espécie humana ou, mais científico, o Homo sapiens sapiens. Estes somos nós.

Ora, ainda antes de nós, já algumas espécies tinham aprendido a manipular ligeiramente a Natureza, criando pequenas armas de defesa ou ataque. No entanto, as nossas gerações anteriores foram as que sobressaíram na manipulação da Natureza para seu proveito. Mais tarde viriam a construir abrigos cada vez mais sofisticados, aos quais hoje nós chamamos casa e alguns de mansão ou palácio. Desenvolveram técnicas de produção de alimentos de acordo com as necessidades, de caça, de pesca, etc. Viviam com o essencial para sobreviverem: comida, água, abrigo.

No entanto, viriam a desenvolver também formas de entretenimento, como a música, a dança, a pintura, etc. Porquê? O ser humano já desde o início que tem a necessidade de se exprimir de várias formas. Além disso, ao sentir que faz algo mais do que simplesmente sobreviver, dá mais valor ao que é a vida.

Voltando aos tempos de hoje, que diferenças encontro na nossa Sociedade, na nossa “aldeia”, nas nossas culturas? Tanta coisa que mudou, ao contrário do que muitos não sabem, não querem saber, ou se esquecem.

Irei por isso escrever vários tópicos relacionados com este tema, os quais tentarei aprofundar sem extender demasiado, tentando tocar nos pontos que acho cruciais, por forma a que os leitores pensem um pouco e, se quiserem (sintam-se à vontade), reflictam comigo sobre os assuntos.



Começarei neste mesmo tópico por falar sobre o materialismo desta sociedade. Como já disse, muito mudou ao longo de tantos anos. Algumas coisas melhoraram, outras pioraram. Nos meus anos de vida (poucos ainda) tenho-me deparado com um facto interessante: já ninguém (refiro-me à generalidade da população nos países desenvolvidos) se preocupa tanto com questões de água, comida e abrigo. Quando antes era o ponto principal para a sobrevivência, agora não passa de um pormenor que é facilmente ultrapassado. Esta é certamente uma melhoria, não esquecendo a qualidade do que consumimos (ou deveríamos consumir) e do conforto das nossas casas.

Por outro lado, com o aparecimento da pseudo-publicidade e posteriormente a Publicidade e com a produção de produtos abundante, sempre “nova”, sempre “diferente”, sempre “boa”, a sociedade virou para o superconsumismo. A muitas vezes ilusão de algo novo e bom de algo que poderá facilitar nalguma tarefa caseira, melhorar o desempenho de algo, parecer mais bonito... Ora, a maior parte das pessoas compra, usa e uns dias depois deixa de lado ou deita fora. É raro darem a alguém – egoísmo. O desejo de experimentar algo novo como o que aparece na rádio, jornal ou televisão é tanto, que acabam sempre por comprar. Eu compreendo, pois uma ínfima parte de mim também sente esse desejo enorme. Mas controlo-me.

Ora, o que é interessante aqui, é o facto de muitas dessas pessoas que compram e deitam fora constantemente, serem aquelas que se queixam de não terem dinheiro para comer, pagar a luz, pagar a água (quando nem se comparam aos que realmente são pobres). Queixam-se de não terem aquilo que antes era o essencial. Porquê? Porque trocam as necessidades pelos desejos, pelo que é material. O que é que acontece então? As pessoas reclamam, pedem melhores ordenados, mais dinheiro. Para quê? A nível de luz e água o que aumenta não será muito se souberem gerir os gastos. Então para quê? Para poderem comprar, usar e deitar fora ou por de lado. Comprar o quê? Muitas das vezes “brinquedos” para saciar desejos. Desejos que muitas das vezes são semeados pela publicidade. Desejos que, se não controlados, levarão a graves problemas.

É certo que considero o desenvolvimento importante. Muitos produtos servem para melhorar a nossa saúde e dar algum conforto; ajudarem-nos para os nossos objectivos, instruirem-nos, darem-nos cultura – algo em que a nossa sociedade também se modificou (que ficará para outro tópico). Mas na maioria das vezes os gastos são desnecessários e abusivos. E as pessoas continuam a pedir melhores ordenados simplesmente porque o que têm já não suporta os seus vícios.

Esta combinação de gerações tem gasto mais do que nunca, produzido sempre ao exagero. Deixo-vos agora algumas questões: para onde vão os usados? Deitam fora, mas onde? Não seria melhor darem a alguém? Isto não causará uma grande produção de resíduos? E o ambiente? E nós? Será este o próximo tópico que abordarei.


Comentem!

13 março 2011

Sorte e Azar

Não existe sorte sem azar, nem azar sem sorte. Nenhum deles é individual sem ser colectivo. Mas o que é isso de sorte e azar então? Conceitos humanos, criados para poderem culpar algo que não eles pela falta de sucesso.

Se um indivíduo ou grupo de indivíduos diz ter sorte, noutro ponto do mundo existirá o azar. Portanto, a sorte é espacial e pessoal/colectiva. Imaginem então que estão a passear na rua quando encontram um carteira cheia de notas de 20€. Ah! Que felicidade! Que Sorte! Mas... O dono da carteira por acaso tinha trabalhado durante três meses arduamente para poder pagar a faculdade. Um dia um grupo de pessoas rascas foi atrás dele para o espancar e ele deixou cair a carteira durante a fuga. Oh! Que sorte que não o apanharam! Oh... Que azar que não o apanharam... Oh... Que azar que perdeu a carteira... Como vêm a sorte está em todo o lado, bem como o azar, podendo pertencer em simultâneo ao mesmo indivíduo/grupo.

Vejemos outra característica da Sorte. Imaginemos que ao grupo que mencionei acima, aquele que encontrou a carteira, uns meses mais tarde lhes chegou a polícia à procura dessa mesma. Oh que sorte! Encontraram a pessoa que tinha a carteira! Oh que azar... Agora são considerados ladrões... Por algo que fizeram há meses... Se não tivessem encontrado aquela carteira... Que azar! Sorte e azar para uma mesma situação, em tempos diferentes. Direi então que a Sorte é também temporal. O que agora consideramos sorte, no futuro poderá ser azar e, num futuro mais afastado, poderá voltar a ser sorte.

Estas características de tempo-espaço-indivíduo mostram o quão “útil” é a palavra “sorte”. O Homem aproveita qualquer razão para se desculpar das suas fraquezas. Procura culpar o seu colega, o seu amigo, o conhecido, o desconhecido. Mas nunca se lembra de se culpar a ele mesmo. E quando não tem imaginação para pensar noutra pessoa em quem colocar as culpas, culpa a sorte ou o azar.

Quando digo culpa não significa que seja mau. Posso até dizer que há dois grupos grandes de pessoas que usam este termo: um é o grupo de pessoas fracas que não querem ser mal vistas pela sua falta de sucesso e, portanto, dizem que o Azar as persegue; o outro é o grupo de pessoas que só pensam nelas e no presente e se esquecem que se ganham, alguém perde.

Eu não dou valor a estes conceitos. Para mim Sorte e Azar são ambos negativos porque não me dizem nada que seja verdade. Prefiro trabalhar pelo que quero, esforçar-me para chegar a algum lado, sem pensar em sorte ou azares. E um dia, quando conseguir o que pretendo direi: “isto foi trabalho, não foi Sorte! Os meus erros foram falta de experiência, não azar! E nunca desisti de lutar pelo que quero! E para aqueles que ainda acreditam em Sorte e Azar, então superei essas palavras de fracos!”.