Observo o solitário espelho embaciado,
Temendo o que por trás daquela neblina me apareça.
Aguardo pacientemente que se torne revelado.
A curiosidade é muita, mas começo a perder a cabeça.
«Que escondes tu, oh espelho?», decido perguntar.
Nada de resposta, nada de tesouro encontrado…
«Responde-me, que não morro sem o desvendar!»,
Mais uma vez o som do vazio; mais frustrado…
«É isto que procuras?», ergue-me o queixo o som!
Rasga-se um sorriso; maior a distorção…
Fico especado para o espelho, com cara sem tom.
Enfrento o meu rosto, a minha face sem expressão.
Não havia posto a hipótese de me esconder a mim.
Desvendo o meu rosto, mas a ele já o conheço…
«Como pudeste cobrir algo assim?!»
«O que te mostro aqui é algo sem preço.».
«A minha face? Para que me serve ela?»
«Permite que conheças com profundidade»
Mais nada se ouviu. Foco-me então nela.
Começo a sentir uma estranha amizade…
Conheço o que vejo. Mas que ideias nela estão?!
Meto conversa, em busca de tal saber.
Convergem divergências que partiram da união,
O que nos levou a concluir um novo ser.
Compreendo agora: de um, em dois se transforma;
Estes requerem dois lados: Eu e Eu, que refutam,
Acabando por construir nova individual Norma.
Com o outro Eu discuto. Os outros não escutam.
Se olharmos para o chamado Horizonte conseguimos definir uma recta horizontal. Ora, sendo uma recta, não tem limite e, tal como não podemos conhecer o seu fim, não sabemos o que há depois da recta. O Horizonte divide-nos do que está mais longe. É preciso que nos aproximemos desta divisão e a tentemos ultrapassar. Só assim alcançamos o mais profundo dos segredos. O Infinito Horizontal foi criado para ultrapassar o grande Horizonte de um Universo Infinito.
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