25 junho 2014

Ciclo



Como se entra num ciclo? Depende do ciclo, talvez. Mas certamente não tenho resposta para como entrei neste giratório de pensamentos e decisões. Por mais que tente mudar algo, não é suficiente para fugir desta maldição. Não lhe poderia chamar outra coisa, porque após tantas voltas descubro que quero produzir tanto e acabo sempre na cama a pensar no que não fiz e no que devia ter feito.

Sonhos trocados por desejos, o Futuro trocado pelo Presente… Cada volta é mais um dia desperdiçado, mal aproveitado… Ilusões de mudança que criam movimentos rotacionais. Sonho com a Lua e acordo com o Sol. Mas o que quero não é um novo dia… Quero acordar com a Lua e ver as estrelas, seguir o brilho de cada uma e deixar de girar no mesmo sentido.

E é isso… Giro no sentido oposto, em torno de mim, mas sempre em torno do Sol. A confusão serve-me de agrado, em que me parece que escapei da órbita. Percebo mais tarde que não, que estou no mesmo ponto. Tantas vezes que passo nele… A perspectiva certamente vai alterando… Mas considerando a imensidão do Universo, viver unicamente em torno de um ponto solar…

Pois… Tenho de criar um foguete e quebrar a minha Atmosfera. Até agora não chegou, a força não tem sido suficiente. Mais energia? Talvez uma nova tecnologia, um novo tipo de pensamento. Algo completamente fora do existente… Quebrar barreiras com um grito assustador. Surpreender com o ridículo. E então… Talvez assim encontre algo diferente de um ciclo.

06 junho 2014

Coração e Mente



Palavras escritas, papel ou digital.
Curtas, longas frases e expressões.
Mistura de sentidos como um bacanal.
Exposição de escondidas emoções.

Esse mundo está de mim afastado.
Palavras estão cada vez mais distantes,
Prometidas a um coração abalado
Após caminhos tão errantes.

Mas coração… Exiges demais.
Não és quem faz este meu mundo.
Porém afastas-me das coisas reais.
Procuro por ti o inútil a fundo.

Coração que quer presente…
Estás ausente de mim.
Domina-me agora a mente,
Que produz sempre com um fim.

Palavras não são suficientes.
Analisa acções e reacções.
Compara mentes com dementes.
Mas não entende corações…

25 fevereiro 2014

Escala da Vida



O tempo pára agora.
De nada mais interessa.
Segundo, minuto ou hora,
Sem razões para existir pressa.

As palavras ganham acções.
Vão à força da vontade,
De sonhos a lições.
Torna realidade.

A mim me decido.
Caminhos já escritos
Tornam-se um livro corrido.
Cortinado de passados meus ritos.

Olhos sensíveis à mudança do mundo.
Ao meu redor sou transformado.
O tempo trava a fundo.
Longe, o Passado.

Distancio-me dele.
Tornei-me instantâneo.
Sigo palavras que aparecem nele,
No Livro que me permite simultâneo.

Subo montanhas que se edificam em frente.
Desço vales aguçados abaixo de mim.
Vejo o Mundo e aquilo que sente.
Um sobe e desce sem fim.

Feliz vou, instante.
Deixo rasto no caminho,
Pista para quem quer ir avante.
Não paro, porque o tempo já parou.
Não importa se acompanhado ou sozinho.
Mãos doridas, pés cansados, continuo a escalar.
Se deslizo continuo, pois não quero ser quem sonhou.
Quero continuar a escalada, subir até poder tornar-me Luar.

E poder parar de sonhar…