O Presente é o mesmo: agora, antes, depois. O Presente é um dia, é um único momento. O Presente é único, mas sempre igual... O tempo estagnou e fiquei-me pelo presente... Tenho-me mantido presente no Presente. Vivo ou morto? Morto. A vida inclui a morte e eu não fujo do mesmo tempo. Não fujo, não luto, não me defendo. Quem diz que viveu um dia, no fundo esteve apenas presente. Morto.
Tenho estado morto devido à minha presença. E se me ausentar? Morreria alguém? Neste Presente não faço falta. Sou um criatura estúpida sem sentido de vida (pois não vivo). Se me aproximo de alguém, alguém me afasta quando se farta do meu Presente. Se me afasto... Se desapareço... Dizem-me adeus e seguem em frente. Um ou dois. Os outros nem notam. Estarei eu morto e recebo uma chamada a perguntar se posso fazer companhia, num dia em que todos os outros se tenham ausentado. Mesmo morto e degradado, dou o meu presente e, quando a pele já magoa, aparecem os outros todos e empurram-me para a cova, pois já não sou preciso. Será que fui? Apenas a presença...
Oh tempo!... Deixa-me controlar-te! Oh tempo... Serás parte de mim agora. Quero viver, pois nunca o fiz. Quero avançar, evoluir, mostrar que mereço dignidade. Mostrar que não preciso deste mundo mas que é ele que precisa de mim!
Morro. Acaba-se tudo. Recomeço. Nada se perde mas o tempo avança: eu avanço! E agora só vive comigo quem me acompanha no tempo. Não corram. Possivelmente não me verão mais. Continuem a viver a vossa miserável vida. Eu farei morrer este Presente.