08 março 2010

Nada Menos Nada é Igual a Zero

Vêm a cara, vêm o corpo, vêm o sexo…
Vêm isto ao contrário… Eu não…
Vejo a sombra, vejo o rosto; paraliso-me no olhar.
Sinto o toque, sinto os lábios; observo quem rouba o coração.
Sinto Paixão, sinto Amor, vejo-me amado.
Vejo a sombra… Sinto-me enganado…

Se vira as costas vou atrás.
Se fala de frente, aguento o que oiço.
Sou boneco de quem mo roubou,
Sou saco de pancada para quem se enganou.
Não falo… Se falo é errado e sou do pior…
Amo… E se o digo a dor é maior…

Se me queixo, queixa-se mais…
Se não faço é para fazer.
Se o fiz não podia ter feito.
Mas que posso eu dizer?
“Vais ser feliz”, “não digas algo sem jeito”.
É isto, sabendo que não é comigo que o quer…

Passei, por palavras, de nada a um pouco,
De um pouco a quase tudo e de seguida para nada mais.
Passei, realmente, de nada a menos nada.
Tornei-me insignificante, com valor negativo.
Se há algo a dizer? Se há algo a fazer?
Esquecer que fui apenas um digestivo,
Que acabou por intensificar a dor…
Fiquei contagiado… A cura já não é Amor…